24.3.11

Lembra-te de mim - capítulo 1

Mal abriu a porta de casa, deparou com ela deitada no chão da sala, sem hesitar correu ao seu encontro e transportou-a até ao sofá. - Apenas caí, pai.- disse quando o pai ia começar com o inquérito normal e sorriu-lhe. - Agora lês pensamentos, é?- perguntou o pai fingindo estar supreendido. Ela sorriu de novo e depois a expressão divertida do pai desapareceu. Embora já tivesse deparada muitas vezes com aquele cenário, não conseguia deixar de se preocupar. - Amanhã tens consulta, querida. Katharine nunca conseguia esquecer-se das consultas mas o pai fazia sempre o favor de lhe lembrar. Por vezes isso irritava-a mas nunca o demonstrava pois não queria magoá-lo nem que ele percebesse que ela estava farta de ter de ir todas as semanas para o hospital e estar horas a fazer os mesmos exames. Fazia naquele dia precisamente duas semanas que tinha descoberto a sua doença, o pai também a acompanhara aliás tinha sido ele quem insistira em levá-la ao consultório. As pessoas nunca mudariam naquele curto espaço de tempo, mas Katharine tinha emagrescido muito e perdera cor no corpo, perdera o cor-de-rosa clarinho das suas bochechas e estava muito pálida, tão pálida que practicamente não saía de casa, apenas quando o pai a obrigava. Vivendo numa cidade tão pequena, toda gente já sabia da doença e embora sempre tivesse sido bem tratada por todos, agora todos a tratavam como uma boneca de porcelana que todos tinham medo de partir. Era mais outra coisa que a irritava. Tentava ocupar-se com qualquer coisa pois não queria entrar ficar mais deprimida, voltara a pintar o que tinha feito o seu pai ficar com um sorriso de orelha a orelha, já não pintava desde que a mãe tinha morrido e tinha receio que tivesse perdido o jeito, mas não, era como se nunca tivesse parado. Pintar fazia-a sentir-se mais perto da mãe e quando via o pai a cuidar dela recordava quando o pai cuidava da mãe quando esta adoecera. Ele tinha cuidado dela até ao último minuto e nunca tinha perdido a esperança mesmo sabendo a gravidade da doença da sua amada e tinha certeza que o pai também o faria com ela. Cuidaria dela até ao último minuto e nunca deixaria de ter esperanças mas ela não tinha esperanças, não conseguia. A doença, tirara-lhe tanto...Enquanto o pai lhe preparava o jantar, Katharine buscar uma folha de papel e uma caneta e sentou-se no sofá. Enquanto escrevia, via a folha a ficar molhada com as suas lágrimas. Sentiu uma mão gelada a tocar-lhe no ombro, não precisou de se virar para saber quem era. O pai sentou-se no sofá e olhou para a folha de onde Katharina não desviava o olhar. - É para ele, não é?- perguntou o pai. Ela permaneceu em silêncio e continuou a chorar.

8 comentários:

  1. Ora,não poderias ter-me deixado mais curiosa! Óbvio que deves continuar, querida! :D Quero saber quem é ele e o que ele lhe fez ;) beijinho!

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  2. Oh! Obrigada querida! Fico feliz por teres gostado! :D Espero pela tua continuação! ;) beijinho!

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  3. Continua mesmo com a história, parece que vai sair daí algo muito bonito :')

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  4. gostei imenso da historia. esta rapariga tem uma enorme ligaçao com o pai . é lindo. obrigada e vou seguir-te quero saber da continuaçao!

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  5. - estou a seguir, segues-me também?

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