17.3.11

Impacto - capítulo 11 (final)

Que deveria fazer?
Era nessa pergunta que Kate esteve imersa durante 2 semanas, talvez as mais longas e difíceis da sua vida. Não era um problema qualquer, era grave pois tinha em seu poder a decisão de acabar com a vida de uma pessoa que se tratava do seu amor. Deveria pedir que esperassem? Dave podia acordar, como ela tinha feito. Deveria mandar Dave para um sítio belo? Enquanto tentava pensar no que fazer, a massa que tinha posto a cozinhar no fogão acabara por se estragar espalhando um cheiro intenso a queimado, mas Kate deixou-se estar no sofá com a sua cabeça por cima dos seus braços que estavam cruzados sobre as suas pernas. Nesse momento, Edward abrira a porta e fora tentar salvar a massa, mas chegara tarde, então deitou-a ao lixo e abriu as janelas para o cheiro a esturro ir-se embora. Tinha reparado que Kate estava no sofá e claro que reparara na sua tristeza óbvia, mas que deveria ele dizer?
Que se deve dizer a uma pessoa que está naquela situação? Vais fazer o mais acertado? É claro que não. Sentou-se perto de Kate e esta abraçou-o de seguida, para sua supresa.
Kate pouco lhe falara desde que se mudara para a casa de Edward, pois estava à procura de um apartamento na cidade e Edward dispensara-lhe o quarto vazio que tinha por uns tempos, mas ele não a censurava por isso nem por nada, não conseguia...Vê-la tão frágil partia-lhe o coração e tinha medo de que qualquer coisa errada que pudesse dizer a fragiliza-se ainda mais...Acabou por fazer uma das receitas que a sua mãe lhe ensinara quando era mais novo e pela primeira vez vira o sorriso do qual sentia falta.
- Desculpa.- disse ela.
- Estás a pedir desculpa por quê?- perguntou com uma imersa confusão no seu rosto.
- Pelo jantar, por não falar, tu sabes. Devia ter sido mais 'sociável', aliás tu deixaste-me invadir a tua casa.- respondeu, e ele riu-se baixinho.
Ela, por sua vez ficou confusa com a sua reacção.
- Que foi?- perguntou.
- Kate.-disse e pegou-lhe na mão, como um amigo faria naquela situação, a única diferença é que ele não gostava dela, não por amizade, mais, muito mais.- Não tens de pedir desculpa, eu compreendo perfeitamente. Se fosse eu, estaria tal e qual, ou pior e por causa do jantar, bem, nem todos podem ser bons em tudo.- disse num tom bastante convencido e deitando a língua para fora.
Kate riu-se e atirou-lhe com o guardanapo e ele abriu a boca como se estivesse muito constrangido.
- Nunca tinha reparado numa coisa...- disse Kate sentando-se no sofá.
- Que coisa?- perguntou enquanto arrumava a sua loíça para ir ter ao seu encontro.
Já cara a cara, Kate passou-lhe a mão pelo rosto suavemente até chegar ao pescoço de Edward, fazendo pequenos círculos com o seu dedo.
- A tua cicatriz...- respondeu, olhando-o nos olhos e continuando a mexer na cicatriz.
- É uma longa história.
- Sou uma boa ouvinte.- afirmou Kate sorrindo.
Edward contou-lhe a história da cicatriz e Kate percebera que ele não tinha tido uma infância muito boa e percebera que tinham algo forte em comum. Tinham perdido ambos os seus irmãos.
Após a história, Kate começara a juntar todas as peças.
- Posso perguntar-te uma coisa?- perguntou-lhe.
Edward não sabia ao certo o que viria, mas já tinha contado o pior, logo não seria nada de mau.
- Claro.
- Foi a morte do teu irmão uma das razões para me ajudares a descobrir quem matou o Andrew? - Sim, foi uma das razões.
Kate fechou os olhos e sorriu, Edward não era como ela pensava.
- Obrigada.- acabou por dizer, beijando-o no rosto.
Este corou.
Na manhã seguinte, Kate acordara ainda de madrugada. Tinha-se arranjado em metade do tempo que normalmente levaria e demorou cerca de 10 minutos a chegar ao hospital. Quando lá chegou, dirigiu-se à secretaria para falar com Desiree mas esta demorou 15 minutos a chegar, o que tinha deixado Kate ainda mais nervosa. Desiree estranhou ver Kate, pois esta vinha sempre de tarde. Cumprimentaram-se e Kate ia começar a falar quando Desiree a interrompeu.
- Queres falar sobre Dave, já sei.- disse.
Kate não ficara supreendida, Desiree era uma senhora de 50 anos amavél e sábia, que conhecera assim que acordara. Foram para o pátio do hospital, que estava cheio de amáveis idosos e sentaram-se no banco à frente da fonte.
- Não sabes ao certo o que fazer.- disse Desiree.
- Eu não...Eu não quero perdê-lo.- sussurrou por entre lágrimas.
- Querida, lamento dizer-te mas isso já aconteceu. A situação dele é mais complicada, mesmo que recuperasse teriam de o submeter a muitos exames e até a uma operação. Ele iria sofrer e tu também.- disse, abrançando Kate.
Após a conversa com Desiree, Kate foi de novo para casa e quando chegou encontrou Edward sentado no sofá a comer ceriais.
- Bom dia.- disse tentando esconder os seus olhos vermelhos.
Ele levantou-se e parou com menos um metro a separá-los.
- Que se passa Kate?- perguntou-lhe, mas ela não respondeu, apenas se limitou a abraçá-lo, ele por sua vez beijou-lhe a testa.
- Não tens de me contar agora, estarei sempre pronto a ouvir-te.- sussurrou-lhe ao ouvido.
- Amanhã vens comigo ao hospital?- perguntou Kate.
- Claro, minha querida.
E assim foi, na manhã seguinte dirigiram-se ao hospital. Desiree e o doutor cujo nome nenhum deles conseguira memorizar, encontravam-se lá. Dave continuava a dormir, sereno e essa era a imagem mais dolorosa que Kate guardaria dele. Beijou-lhe a mão que segurava e despediu-se dele, para sempre.
Quando saiu do quarto, Edward foi ao seu encontro e abraçou-a. Já no carro, Kate não tinha falado até estarem quase a chegar a casa.
- Achas que ele me perdoará?- perguntou enquanto limpava as lágrimas que escorriam pelas suas bochechas.
- Claro que sim, ele quereria que fosses feliz, ele amava-te e sabe que também o amas. O que tu fizeste foi corajoso e sinto que ele ainda se orgulha de ti.- respondeu-lhe na esperança de a acalmar.
Kate sorriu mas o seu sorriso caiu depressa e outra lágrima percorreu o seu rosto.

Três anos depois.

Tinham encontrado uma casa na cidade e tinham comprado um cão. Edward tornara-se um dos melhores polícias da cidade e Kate ainda se mantinha na empresa de Julie, esta tinha dado a Kate uma das melhores prendas do mundo, uma sobrinha lindíssima e ao contrário do que tinha pensado, não magoava olhar para o rosto dela e relembrar Andrew, sabia bem aliás. Alice fazia três anos naquele dia e a casa de Edward e Kate estivera cheia a tarde toda.
- Tia!- disse, correndo para os braços de Kate, já de noite.
- Parabéns querida, gostaste?-perguntou levando Alice no seu colo para o jardim.
- Sim, gostei muito.- disse abraçando a tia com força até que Julie a chamou.
- Sabes o quanto gosto de ti?- perguntou Kate.
- Daqui até à lua e da lua até aqui, mil vezes.- respondeu sorrindo.
Kate beijou-lhe a testa pousou a sobrinha no chão e despediu-se de Julie.
Quando entrou para interior da casa, deparou-se com Edward a sorrir.
- Que foi?- perguntou sorrindo também.
- Kate...- disse sorrindo ainda mais.
- Sim...?- perguntou curiosamente.
Edward levantou-se e ajoelhou-se perante Kate, tirou uma pequena caixa do bolso das suas calças e abriu-a.
- Kate, aceitas casar comigo?- disse sorrindo.
Kate ficara estupefacta.
- Aceitas?- perguntou Edward de novo, fazendo uma cara adorável de criança.
- Claro que sim.- respondeu atirando-se para seu pescoço para o beijar.
Após o beijo, Edward sussurrou-lhe ao ouvido: Amo-te.
E Kate fez o mesmo, enquanto Salvador, o cão que tinham comprado ladrava à volta deles.

8 comentários:

  1. Uau! Amei a forma como terminou! Tive imensa pena do Dave... :) Estou ansiosa por saber o conteúdo da tua próxima história! beijinho!

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  2. Pois, eu compreendo-te... realmente não fazia muito sentido! Ainda bem que continuas amanhã!

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  3. oh minha querida, muito obrigada pela força (:
    eu sei que o consigo esquecer, mas o pior e que eu gosto mm dele e de certa forma não o quero esquecer, quero-o cmg. Infelizmente!

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  4. o que me faz perder a vontade de o esquecer é o facto de ele estar constantemente a dar-me falsas esperanças , ainda goza com a minha cara :s

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