19.2.11

Impacto - capítulo 5

Após da leitura da mensagem, desatei a correr pela porta fora, levando o aparelho comigo. Peguei desajeitadamente nas chaves e abri a porta do BMW apressadamente até que ouvi Jeremy a gritar pelo meu nome, parei por um segundo mas não me voltei para ele, atirei o meu corpo para o interior do carro, liguei-o e fiz-me à estrada.
Pouco tempo depois,assustei-me com o toque do meu telemóvel, observei quem me telefonava, era Dave. Inspirei fundo e atendi.
- Kate, finalmente! Por andas? Fazes ideia do quão preocupado estava? Liguei-te imensas vezes mas ia para ser ao vocemail.- reclamou todo nervoso, engasgando-se nas próprias palavras, imaginei-o naquele estado o que me vez sorrir, mas não era propriamente por estar feliz, talvez por alívio.
- Vim até à praia, encontrei Jeremy e ficamos a falar, não te preocupes.- disse na tentativa o tranquilizar.
Ouvi-o a respirar fundo e depois disse calmamente - Kate...estás a deixar-me preocupado, andas tão distraída desde que o teu irmão morreu e isso deixa-me com medo, talvez seja normal reagires assim mas eu desde então tenho andado sempre com um pressentimento que algo se vai passar, algo mau e não quero que seja contigo.
Embora ao príncipio não entende-se o que ele queria dizer ao certo, ele tinha razão nalgumas partes.
- Eu sei. Dave...sabes como te amo, não sabes?
- Sei, meu amor.- respondeu.
Nesse momento, baixei a cabeça permitindo que as lágrimas caíssem sobre as minhas calças, perdi o controlo do volante e de repente, julgo ter sentido o carro a embater contra alguma coisa. Mas não sabia ao certo, não me sentia presente.






Quando abri os olhos de novo, apenas via branco. Pisquei os olhos, várias vezes para ver se obtia uma imagem mais nitida, mas não deu resultado, então fechei-os de novo. Ouvia algumas vozes desconhecidas, mas não perguntei quem eram, apenas me deixei estar assim. Até que ouvi, finalmente, uma voz conhecida.
- Ela, já acordou?- disse ofegante.
- Sim, mas ainda está muito fraca e você? Ainda à uma hora estava aqui, comeu alguma coisa? Melhor, descansou alguma coisa?- disse uma mulher, implicando com Dave.
- Eu descansarei quando ela estiver bem, minha senhora, descansarei como um anjinho.- respondeu, aproximando-se do local onde estava.
Pegou na minha mão fria e beijou-ma. O calor dos seus lábios, fez-me sorrir.
- Oh Kate, meu amor.- exclamou.
Tentei abrir os olhos, tinha de o ver. Assim que o fiz, a imagem dele apareceu, transbordava lágrimas pelo seu rosto, dando a aparência de um anjo.
- Não chores.- disse-lhe.
- Não é por tristeza.- disse, beijando-me a mão.- Julguei ter-te perdido, meu amor, tiveste inconsciente durante duas semanas.
Ficara deveras confusa com o que me tinha dito. Inconsciente? Fiz um esforço para me sentar e Dave ajudou-me, olhei para o meu redor e finalmente percebi. Estava no hospital.
- O que aconteceu?- perguntei-lhe.
Ele engoliu em sêco.- Sofreste um acidente de carro.
Comecei a chorar...Nestes últimos meses, chorava como um bebé. Dave sentou-se na cama à minha beira e abraçou-me.
Passei mais dois dias infernais no hospital. Dave tirara férias de novo, o que não agradou nada o seu patrão, Martin, mas Dave não me queria deixar ao cuidado de mais ninguém, tratava-me como se estivesse grávida. Embora fosse querido, irritava com o tempo. Até começara a cozinhar, mas não muito bem para dizer a verdade, mas não lhe queria dizer, porque era óbvio que se estava a esforçar. Naquela manhã, não me contive.
- Dave!- gritei.- Pára, por amor de Deus! Não estou grávida, consigo-me mexer, estou bem, vês?- disse, levantando-me e começando a agitar-me toda.
Ele limitou-se a sorrir. Fui ao seu encontro e abracei-o.
- Obrigada querido, mas não é preciso.
- Desculpa, talvez tenha exagerado.- concordava plenamente.
Enquanto me dirigia para a casa de banho, o meu telemóvel tocou, atendi sem ver quem me ligava.
- Kate? É a Julie. Estás melhor?
- Julie?Sim, estou mas como é que sabes?- perguntei-lhe.
- Dave.- disse.- Bem, quando te sentires preparada podes vir trabalhar.
- Trabalhar?- questionei.
- Sim, foste a escolhida, lembraste?- lembrava-me mas pensava que já tinha perdido a oportunidade.
- Sim, lembro-me. Amanhã, falamos no trabalho.
Desliguei e dancei até à casa de banho, radiante. Tinha trabalho, finalmente! Tirei cada peça de roupa do meu corpo e accionei a água. Depois do banho, sentia-me leve como uma pena, deitei-me na cama e fechei os olhos, até que ouvi de novo o telemóvel. Não era o meu.
Tentei captar de onde vinha o som, até que finalmente descobri, vinha da minha mala. Abri-a e deparei-me com o telemóvel de Andrew. Como é que alguém tinha lata de enviar uma mensagem para o telemóvel de um morto? Era de novo de um número desconhecido.
Carreguei no botão e li-a.
" Se fosse a ti, nem pensaria em tentar descobrir, pode-te correr mal." era o que dizia.
Peguei nas primeiras peças de roupa que vi do armário e nas chaves do carro. Embora fosse a correr, reparei que Dave tinha saído, compras talvez. Dirigi-me para o carro e fui de novo a casa de Andrew.
Isto era no mínimo surreal. Como é que alguém podia saber que tinha levado o telemóvel?!
Teria, a pessoa que mandara a mensagem, andado a vigiar-me?
Não fazia ideia, nem queria fazer. Só queria resolver tudo.

4 comentários:

  1. Uau! A sério! Está a ficar fantástica! Cada vez mais empolgante! beijinho grande!

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  2. Para dizer a verdade, nem eu sei o que vou escrever daqui para a frente! :)

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  3. Hum... não sei ainda se vou escrever outra pseudo história, mas vou reflectir sobre isso! Obrigada mais uma vez!

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