19.1.11

Vida Nova (continuação)



O interior ainda era mais belo do que o exterior, o que era quase inacreditável! Tinha tudo um ar tão confortável, simples mas ainda assim belo, único. Talvez seja um exagero meu, pois a minha casa embora fosse grande mas como tinha 3 irmãos parecia de imediato muito pequena, mas aquilo, para duas pessoas, era demasido. O Mike deixou-me escolher o quarto primeiro, não me quero gabar mas fiquei com o mais espétacular. Depois de longas e infinitas horas e desempacotar e arrumar as nossas tralhas fomos explorar a nossa nova cidade. Fomos de carro e o Mike deixou-me conduzir! Não dá para acreditar pois não?!
Fomos ao centro da cidade, tinhamos de comprar comida, pois o estômago do meu querido amigo não se calava.
- Olha estaciona ali.- disse-me, todo impaciente, ficava sempre tolo quando tinha fome.
- Calma Mike, já aguentaste a viagem toda, também aguentas mais dois ou três minutos.- Suspirei. - Vá, a entrada é por aqui.
Apressou-se todo e assim que viu uma casa de fast food correu que nem um cão, é impressionante. Enquanto o esfomeado foi comer, decidi ver o resto das lojas, esperava encontrar uma livraria, precisava mesmo de comprar os livros, para a escola. Nem acredito que vou para uma das melhores escolas do País, era um sonho, só podia. Pus-me a ler os letreiros das lojas, até que reparei num, encontrara o que queria, embora fosse mais pequena do que imaginara além disso, tinha um ar antigo e misterioso. Quando entrei, um homem alto e bonito, aparentava ter menos de 30, olhou-me.
- Precisa de ajuda, menina?
- Posso comprar aqui os livros para a escola de artes?
- Bem, já não vendemos livros escolares, mas se seguir em frente e virar à esquerda, encontra uma livraria que tem os livros que precisa.
- Muito obrigada, Boa Tarde. - Virei as costas e dirigi-me à porta, até que recomeçou a falar.
- Desculpe a curiosidade, mas é nova na cidade, não é?
- Não tem mal, sim sou, cheguei hoje.
- Nota-se que não é daqui, mas também consigo ver que carrega dor no coração.- Assim que me falou em dor, lembrei-me de ti o que me fez estremecer e além disso, como é que aquele desconhecido que me vira pela primeira vez sabia? Será que tinha escrito na testa? Como não lhe conseguir responder, ele assumiu o meu silêncio como afirmação.
- Sabe, dá para ver no seu olhar, mas consigo ver talento e força em si.
Sorri, tentado esconder a dor que sentira depois de voltar a lembrar-me da razão da minha vinda àquele novo mundo, tu.
- Posso perguntar, como é que sabe? Da dor que falou...
- Sabe, eu também não sou daqui, vim quando tinha talvez a sua idade, um desgosto trouxe-me a esta cidade e outro me deixou nesta livraria velha e insignificante.- Conseguia ver que no passado tivera sofrido, muito. Segundos depois, vi Mike através do vidro da montra da velha livraria.
- Não deve ser assim tão insignificante, aposto que tem livros maravilhosos. - Era certo que tinha, embora não tivesse pegado em nenhum deles, conseguia ver que eram dos livros interessantes, que apesar de velhos continuavam a prender uma pessoa à sua história fascinante, que tinham valor, não aqueles livros dos últimos tempos que apenas falam de outros mundos ou de histórias com princesas, algo que apenas se passa-se num livro, no mundo da fantasia, não no nosso mundo, real e sobretudo cruel.
- Isso é verdade, mas hoje em dia, pouca gente se interessa. Gostam mais de revistas onde aparecem os seus ídolos e tudo o resto.- Assentei com a cabeça.
-É verdade, mas eu não e acredito que ainda haja pessoas com gosto na arte da leitura, talvez não muitas....- fui interrompida por Mike que entrara na loja com ar impaciente, lembrei-me que o deixara à espera, ups.- Desculpa Mike, não dei pelo tempo. Bem, desculpe mas vou ter de ir, gostei muito da conversa, ainda devo passar cá mais vezes para buscar uns livros.
-Claro menina, até breve.- sorriu como um anjo, era realmente belo.
Mike ficara a olhar para mim com um ar estranho enquanto nos dirigiamos para o exterior da loja. Mal saímos dei-lhe o que ele queria, uma explicação da minha demora.
- Ficámos a conversar, apenas isso.
- Mas vocês conhecem-se?
- Não, nunca nos tinhamos visto antes.
- Lizzie, vê lá, mal chegámos e já andas a falar com estranhos?- estava realmente revoltado.
- Só tivemos a falar sobre livros.- fechei os olhos, não percebera a razão da sua fúria.
- Claro, a primeira coisa que um estranho decide falar contigo é livros, boa ideia, para a próxima vão falar de quê? Rosas?´
- Acalma-te lá Mike, só falamos de livros mas fiquei com uma sensação...- não quis acabar, iria-se zangar ainda mais.
Olhou para mim, era o sinal que devia continuar. Inspirei profundamente.
- Fez-me lembrar alguém...- enquanto lhe explicava, tentava pensar se as minhas palavras realmente faziam sentido.
- Alguém?- questionou.
- Sim, alguém.- Desejei que não falassemos mais nesse assunto, e assim foi, desta vez Mike conduziu e durante a viagem, não me mais disse nada e o cansaço fez-me adormecer, pois mal abri os olhos estava na minha nova cama. Fui ao quarto dele, ainda estava acordado. Ele notara a minha presença, mas não me olhou.
Ganhei coragem.
- Desculpa Mike.- disse e de repente notei que pelo meu rosto perrocia algo húmido, uma lágrima e depois vieram muitas mais.

4 comentários: