18.1.11

Vida Nova (continuação)



A viagem foi longa e silenciosa, demais até. Mike não dissera nenhuma palavra desde que se tinha ocupado o seu lugar de condutor, esperava que seja apenas cansaço, embora já me tivesse torturado mil e uma vezes com ideia de que seja tristeza o seu problema e que seja por minha culpa, espero que não. Decidi quebrar aquele silêncio de morte.
- Se quiseres eu conduzo, pareces cansado.- disse-lhe, num tom baixinho.
- Eu? Cansado? Até parece que não me conheces.- riu, mas não consegui distinguir o significado do seu riso, se era sincero ou escondia o que realmente se passava.
- Mike, já somos amigos há tanto tempo, consigo distinguir quando estás bem e quanto está mal, é óbvio que se passa algo, se não queres ir e se apenas fores por minha causa, não te preocupes, eu podes deixar-me na próxima paragem que virmos e podes voltar....- antes de conseguir lhe expor as minhas preocupações, desligou o carro, fechou os olhos e suspirou.
- Lizzie, eu não quero voltar, não consigo ter mais aquela vida, quero recomeçar !- Confessou. -Muito menos agora que a Brenda voltou!
- Ela? A Brenda ....ela voltou?- não consegui dizer tudo de uma vez, era algo que realmente não esperava.
Não foi preciso ouvir a resposta, estava estampada na cara dele.
Abracei-o com força. Brenda tinha sido namorada dele, há uns tempos, tinham uma relação muito longa, de quase dois anos e meio, eram inseparáveis até que Brenda foi-se embora da cidade, sem dizer nada a Mike. Este foi a todos os lugares que pensou, espalhou cartazes, perguntou a toda a gente, era como se se estivesse evaporado, andou e vivou como um morto-vivo durante meio ano, mas felizmente depois de mil e uma tentativas consegui que ele voltasse a ser o meu Mike, o meu melhor amigo e não podia deixar que ele se fosse abaixo, denovo. Ele mais do que qualquer outra pessoa neste mundo, merece felicidade iterna.
Troquei de lugar com ele, pois não estava em condições de conduzir.
Não falámos mais no assunto. Não demoramos muito a chegar ao nosso novo lar, fiquei totalmente maravilhada, era espectacular!
Estacionei o carro e arrastei o Mike, que ainda trazia um ar infeliz no seu rosto, fazia força o que me dificultou, era como uma menina de 5 anos a arrastar o seu irmão de 20.
Finalmente começou a interagir comigo.
- Calma anãzinha, eu ainda consigo andar.- sorriu, e desta vez tinha a certeza que estava, pelo menos estava muito melhor.
Dei-lhe um soco no braço, mas não lhe doeu graças aos seus músculos enormes e que fazia qualquer uma babar-se. Acabei por me magoar, como de todas as outras vezes.
Colocou o braço sobre as minhas costas.
- Bem, é agora.- sorrimos ambos, estavamos bem, apesar dos nossos problemas.

4 comentários:

  1. De nada :)
    Mas escreves bem sim, acredita :)
    Beijinho*

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  2. Tens aqui um belo jeito, e também tens um dom para escrever! beijinho grande! :*

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  3. Olá Iara...Seus textos são tão agradáveis de se ler, transmitem algo como paz, como imaginação constante!Tem selos para você no Sin Parangón, passa por lá depois!

    Bjo

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  4. Não tens nada que agradecer,não discordes, porque é verdade :)

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